Por Maria Dolores Montoya Diaz
Depois de terem concedido o prêmio de 2019 pela disseminação do uso de experimentos aleatórios, agora Joshua Angrist do Massachusetts Institute of Technology (MIT), Guido Imbens da Stanford University ganham pelo, de experimentos naturais. E David Card da University of California, Berkeley ganhou pelas contribuições para a área de Economia do Trabalho, muitas das quais também pelo emprego de experimentos naturais.
É mais um reforço no reconhecimento da importância do emprego de evidências em estudos na área de avaliação de políticas públicas! É um prêmio para uma revolução metodológica, que procura estabelecer de modo explícito quais as restrições e em que contexto é possível estabelecer uma relação causal. E que atualmente é a base para os trabalhos de muitos pesquisadores em várias áreas, como saúde, educação, mercado de trabalho, economia política, entre outras. Alguns exemplos de temas estudados são como a imigração afeta os níveis salariais e de emprego, como educação afeta a renda futura dos indivíduos, sobre o impacto da adoção de urnas eletrônicas sobre variáveis de saúde infantil, efeito do crescimento econômico sobre a probabilidade de uma guerra civil na África, etc.
Como afirma Dunning na sua obra de 2012 "Natural experiments in the social sciences: a design-based approach" (https://cambridge.org/.../96A64CBDC2A2952DC1C68AF77DE675AF) experimentos naturais frequentemente não são experimentos e nem naturais!
Na verdade, são estudos baseados em dados observacionais em que a atribuição ao grupo de tratamento e de controle é feita aleatoriamente - ou ‘como se’ fosse aleatória. Uma possibilidade seria explorar mudanças em políticas ou de características institucionais como ‘experimentos’, o que permitiria a identificação de uma relação de causalidade.
E Angrist, nessa matéria (https://technologyreview.com/.../the-natural-experimenter/) que discute muitas de suas contribuições foi chamado de "The Natural Experimenter"!
No caso do Imbens, por todo o seu trabalho no desenvolvimento de métodos econométricos para lidar com relações causais, inclusive com dados observacionais (por exemplo, esse livro: https://cambridge.org/.../71126BE90C58F1A431FE9B2DD07938AB)
E Card juntamente com Krueger, tristemente falecido em 2019, produziram importantes marcos em vários temas, entre os quais a discussão dos impactos do salário mínimo sobre emprego.
Porém, lembro da contribuição de 1995, uma meta análise de estudos sobre impactos do salário mínimo intitulada “Time-series minimum-wage studies: a meta-analysis”, disponível em https://jstor.org/stable/2117925 que mostrou o viés de publicação em periódicos acadêmicos.
E esse tema da transparência e credibilidade na Economia está agora ganhando relevância com os trabalhos de Christensen, Garret e Edward Miguel - por exemplo, o livro de 2019: Transparent and Reproducible Social Science Research: How to Do Open Science (https://ucpress.edu/.../transparent-and-reproducible...)
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