Investimentos em Educação são essenciais para a economia do ABC. Em mais uma entrevista da série promovida pelo Repórter Diário para debater o futuro econômico do ABC, o principal tema da edição desta segunda-feira (16/5) foi o investimento na Educação para obter uma mão de obra qualificada. Os especialistas ouvidos pela reportagem apontam problemas na comunicação entre os principais atores regionais para conseguir um plano que consiga melhorar o conhecimento dos futuros trabalhadores levando em conta os setores existentes nas sete cidades.
Antônio Fernando Gomes Alves, delegado regional do Corecon (Conselho Regional de Economia), apresentou dados que apontaram uma queda de investimentos na Educação (do ensino infantil ao superior) em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) do País. Em 2016, por exemplo, o percentual investido na Educação foi de 6,32% do PIB. Em 2018 o número caiu para 6,23%.
“O Brasil quer mudar a sua matriz (industrial), o ABC quer mudar a sua matriz, mas sem o investimento nesta questão nós vamos ficar bradando ao vento com essa discussão. Caso não haja recursos públicos, seja no âmbito federal, estadual e municipal nós vamos perder a bola da vez de repensar qual é a vocação para qual nasceu o ABC 50, 70 anos atrás, que não é somente metal mecânico, não é o plástico somente, mas que requer bioeconomia, bioenergia etc. Temos de pensar nisso”, explicou.
O professor doutor Dácio Roberto Matheus, reitor da Universidade Federal do ABC (UFABC), aponta que a instituição realiza projetos de mestrado e doutorado para a formação dos profissionais, mas reforçou que é necessário um maior investimento na área de pesquisa, principalmente levando em conta as necessidades de atualização tecnológica que o mercado exige e que muda a forma em que o profissional entra em uma empresa. Mas considera que existe um problema de construção desta situação.
“Não podemos colocar só na conta das empresas para que elas procurem as universidades. As instituições de pesquisa também precisam construir políticas e na maioria políticas públicas, que aproximem a academia da indústria. Na UFABC, encubamos um projeto que é o Doutorado Acadêmico Industrial e o Mestrado Acadêmico de Inovação junto com o CNPQ, que propõe exatamente bolsas de mestrado e doutorado para alunos e alunas, acompanhados de professores, para projetos junto às empresas”, justificou.
Este problema de comunicação entre os entes também foi alvo de uma crítica do presidente da Associação dos Empresários do Polo do Sertãozinho (AEPIS), Newton Luiz Castellari Porchia. ”O que temos de dificuldade hoje, além da questão da comunicação com o poder público, pois nunca conseguimos criar no ABC um plano de trabalho para todas as cidades para ver o que cada uma tem de melhor. Hoje o que temos é que temos cidades concorrentes, temos indústria em Mauá, temos indústria em São Bernardo, cada poder público quer trazer uma indústria para lá e para cá”, disse.
“A indústria tem muita dificuldade com mão de obra qualificada, isso é em quase 100% das empresas e em níveis diferentes. Mas eu considero que toda dessa questão da formação de doutores e mestres é para formar os profissionais, hoje nós temos uma carência enorme dos profissionais. O que acontece? Essa questão do engenheiro, do técnico, não temos essa facilidade em encontrar pessoas no mercado que tenha algum tipo de experiência ou que tenha algum tipo de formação específica para aquele trabalho”, completou Newton.
*Com informações do RD Repórter
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