A CARTA DE SÃO PAULO, produzida pelo Corecon-SP, é um documento que traz reflexões sobre o atual momento econômico, propostas com base nos principais assuntos que foram discutidos ao longo do Congresso Paulista de Economia 2022.
O objetivo da CARTA é sensibilizar e mobilizar a todos os economistas e profissionais que atuam em áreas ligadas à Economia, sobre as necessidades, os desafios e as ações que devem ser realizadas em prol de uma nova agenda para a economia paulista e para o País.
Leia a carta na íntegra!
“Caminante, no hay camino, se hace camino al andar."
Poeta espanhol António Machado
Numa feliz coincidência histórica, logo após as comemorações do bicentenário da Independência do Brasil, nos dias 8 e 9 de setembro de 2022, realizou-se de forma virtual em São Paulo, o Congresso Paulista de Economia, uma iniciativa conjunta do Conselho Regional de Economia de São Paulo e do Sindicato dos Economistas no Estado de São Paulo.
O evento contou com a participação de 41 palestrantes de diversas correntes de pensamento econômico e mais de 1.100 congressistas, entre economistas, estudantes de economia e de áreas afins e interessados, tanto do próprio Estado de São Paulo, como de outras unidades da federação e até mesmo do exterior.
Sob o grande tema “Perspectivas para a Economia Paulista Pós-pandemia”, aconteceram palestras e mesas redondas sobre relevantes problemas como macroeconomia, finanças públicas, distribuição de renda, agropecuária, indústria, comércio/serviços/turismo e aspectos peculiares às diversas regiões do torrão bandeirante, reconhecidamente, em muitos aspectos, como a máquina propulsora da riqueza nacional.
Clamou-se pelo desenvolvimento igualitário de todo Estado de São Paulo, realçados pontos como a grande volatilidade do preço das commodities, especialmente diante das questões geopolíticas recentes, apertos monetários (via elevação de taxa de juros), medidas tributárias como redução de impostos com objetivos de controlar a inflação, elevação de auxílios, fatores que podem levar à resposta do Banco Central, via extensão do aperto monetário e período de juros elevados.
Da mesma forma, houve manifesta preocupação com os aspectos sociais, como aumento da pobreza e da desigualdade, endividamento das famílias e das pequenas e médias empresas, consequência da corrosão do poder de compra, a concentração bancária, questões pertinentes a infraestrutura, falta explícita de marco regulatório/legal - fatores inibidores de investimentos.
Diante do rescaldo da pandemia, a economia da saúde atrelada a questões fitossanitárias também esteve no rol das considerações como elemento dinamizador do desenvolvimento e da inclusão social. A esse contexto soma-se o desafio da falta de harmonia entre os poderes políticos constituídos da nação brasileira.
Certamente, além desses pontos, foi reconhecido como necessário o estímulo aos investimentos públicos e às parcerias público-privadas, de modo a permitir, no médio prazo, maiores ganhos de produtividade e a continuidade da retomada do crescimento com estabilidade.
As reformas econômicas devem buscar a modernização e o aprimoramento das instituições de ensino, além da elevação dos níveis de escolaridade, propiciando um ambiente favorável ao desenvolvimento socioeconômico.
O Brasil tem enormes potenciais na área ambiental. A sustentabilidade e a celeridade do crescimento requerem que o país volte a elevar continuamente a produtividade, o que depende da incorporação de tecnologia e inovações, atreladas aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU.
Para tanto, são necessárias políticas que as promovam, assegurando financiamentos, condicionados ao cumprimento de metas, incentivos e articulação dos atores envolvidos, abrangendo o sistema educacional, de pesquisa e produtivo.
Seja como for, neste Congresso Paulista de Economia, foi voz corrente de que a recuperação de um crescimento robusto e inclusivo é urgente.
Está mais do que na hora de se construir consensos em torno de uma nova agenda para a economia paulista e para o País.
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